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Se o mundo da produção de conteúdo já enfrentou as “fake news”, agora é a hora de enfrentar os “fake likes” e “fake followers”.

Os bots já são capazes de inflar números de visualizações de vídeos e métricas de engajamento, e à medida em que marcas prestam mais atenção em microinfluenciadores (aqueles com até 100 mil seguidores), a fraude também vira uma preocupação neste mercado.

Hoje, já existem empresas que vendem followers e likes a planos que variam entre R$19 e R$300 reais. Uma vez que é realmente difícil criar uma base fiel nas redes sociais, os microinfluenciadores também acabam sendo mais propensos a utilizar bots.

Um experimento da empresa americana Mediakix, divulgado em agosto no site Digiday, mostrou que marcas podem estar caindo em alguns truques: a empresa criou duas contas falsas no Instagram, com followers alavancados de forma totalmente artificial.

A primeira delas era uma página chamada “@calibeachgirl310”, com conteúdo de lifestyle produzido por uma modelo contratada que supostamente vivia na Califórnia. A segunda conta foi montada inteiramente com fotos de banco de imagens de viagens e fotografias de lugares exóticos, com o nome “@wanderingggirl”, de uma suposta influencer chamada Amanda. Ambas as contas compraram cerca de 15 mil seguidores por vez – o preço para comprar cerca de mil followers girou em torno de US$ 3 e US$ 8. Em dois meses, a @calibeach310 alcançou 50 mil seguidores, e a @wanderingggirl, 30 mil.

O mais espantoso é que os dois perfis conseguiram fechar acordos com três marcas (uma de moda praia, outra de bebida alcoólica e outra de alimentação), e o Instagram, embora tenha mecanismos para verificar contas falsas, não conseguiu detectar o crescimento rápido das páginas.

Rafael Coca, sócio e co-diretor geral da Spark, empresa de influencer marketing, acredita que tentar comprar followers é um tiro no pé para a carreira do próprio microinfluenciador. “O influenciador pode até comprar likes e seguidores, mas independentemente do porte (seja um grande influencer ou pequeno) é possível identificar a fraude pelo engajamento de suas páginas. Os perfis com seguidores inflados possuem um engajamento muito menor do que uma única página que possui seguidores reais e conquistados por meio de conteúdos postados”, diz.

Além disso, os bots costumam curtir e comentar em posts de outras páginas falsas, retroalimentando o sistema. A prática, apesar de pouco legítima, não é usada apenas por influenciadores, mas por agências e marcas que contratam pessoas para inflar os números dos influencers com que trabalham.

Para ter certeza que está de olho em influencers e marcas com engajamento realmente orgânico, a Spark utiliza uma plataforma proprietária para analisar impressões, engajamento, alcance e conteúdo dos comentários. “Ela consegue nos mostrar, através de Big Data, os dados quantitativos para termos a certeza de que não é uma página falsa ou a audiência é fake”, diz Rafael. Eric Messa, da FAAP, afirma também que, para um trabalho mais profundo, já existem ferramentas de monitoramento que ajudam a verificar a autenticidade e a porcentagem de perfis fakes ou inativos que um determinado perfil tem dentro da sua audiência.

 “Práticas para inflar os seguidores de um perfil, ou mesmo o uso de perfis fakes para iludir o público de determinado produto são recursos antiéticos que irão desaparecer naturalmente conforme marcas e consumidores ganham maturidade em relação a esse meio”, afirma. Para marcas e agências que já trabalham com microinfluenciadores, uma iniciativa mais legítima seria o impulsionamento das postagens dentro da própria plataforma. “A agência que contrata os influenciadores costuma incluir seus posts nas estratégias do impulsionamento, o que ajuda a garantir a exposição do post para o público interessado. Essa prática garante que a publicação seja vista pelo público alvo da campanha”, pondera.

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